OS TRÊS MOÇOS
Diz que foi um dia havia em um reino uma princesa muito bonita. Um dia apareceram três moços, cada qual querendo casar-se com ela. Para decidir a questão, o rei disse que a princesa só se casaria com aquele que trouxesse uma coisa que mais lhe causasse admiração.
Os três moços saíram. Quando chegaram em uma estrada se despediram e marcaram um dia para se acharem todos os três naquele mesmo lugar. Separaram-se, e cada qual tomou o seu caminho.
O primeiro caminhou muito até que deu em uma cidade. Quando ele ia passando por
uma rua, ouviu um menino gritando:
— Quem
quer me comprar um espelho?
Ele chegou-se para o menino e disse:
— Menino,
que virtude este espelho tem?
O menino respondeu:
— Este
espelho tem a virtude de ver tudo o que se passa em todo lugar.
O moço disse:
— Bravo, sou eu que me caso com a princesa — e comprou o espelho.
O outro moço também caminhou muito e deu noutra cidade. Quando ele ia passando
por uma rua, ouviu um homem gritando:
— Quem
quer me comprar uma bota?
Ele chegou junto do homem e disse:
— Meu
senhor, que virtude tem essa bota?
O homem respondeu:
— Esta
bota tem o poder de botar a gente no lugar que se quer.
O moço disse:
— Bravo,
sou eu que me caso com a princesa — e comprou a bota.
O terceiro moço também caminhou. Caminhou, até que deu também numa cidade.
Quando ele viu, foi um menino gritando:
— Quem
quer comprar um cravo que tem a virtude de dar vida a quem está morto?
O moço disse consigo: "Bravo, sou eu que
me caso com a princesa” — e comprou o cravo.
Quando chegou o dia marcado, se acharam todos
os três na mesma estrada. O moço do espelho foi e abriu o espelho. Quando ele
abriu o espelho viu a princesa estirada, morta. O moço da bota disse:
— Não
tem nada; se metam aqui dentro desta bota.
Se meteram todos os três dentro da bota, e o
moço disse:
— Bota,
nos bota no reino da rainha Fulana.
No mesmo instante estavam lá. Quando chegaram
lá, acharam a princesa morta. O moço do cravo foi e botou o cravo no nariz da
princesa.
Quando viram, foi ela se levantar viva. Agora
disse o moço do espelho:
— Eu
sou que devo me casar com a princesa, porque se não fosse meu espelho, vocês
não sabiam que ela estava morta.
Diz o moço da bota:
— Eu
sou que devo me casar com a princesa, porque, se não fosse minha bota, vocês
ainda não estavam aqui.
Diz o moço do cravo:
— Quem
deve se casar com a princesa sou eu, porque, se não fosse meu cravo, ela não
estava viva.
Ainda hoje estão nesta peleja, querendo cada
qual se casar com a princesa, e o rei sem saber quem escolherá para noivo.
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