segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A raposa e o homem (Conto popular), de Sílvio Romero

A RAPOSA E O HOMEM

A raposa foi deitar-se no caminho por onde o homem tinha de passar, e fingiu-se morta.

Veio o homem e disse: 

— Coitada da raposa! 

Fez um buraco, enterrou-a e foi-se embora.

A raposa correu pelo mato, passou adiante do homem, deitou-se no caminho, e fingiu-se morta. 

Quando o homem chegou, disse: 

— Outra raposa morta! Coitada! Arredou-a do caminho, cobriu-a com folhas e seguiu adiante. 

A raposa correu outra vez pelo mato, deitou-se adiante no caminho e fingiu-se morta. 

O homem chegou e disse: 

— Quem terá morto tanta raposa? Arredou-a para fora do caminho, e foi-se. 

A raposa correu, e foi fingir-se outra vez morta no caminho. 

O homem chegou e disse: 

— Leve o diabo tanta raposa morta! Agarrou-a pela ponta do rabo, e atirou-a para o meio do mato. 

A raposa disse então: 

— Não se deve abusar de quem nos faz bem.


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Ano de publicação: 1883
Origem: não informada (Brasil)
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021) 

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