A RAPOSA E A ONÇA
O sol secou todos os rios, e ficou só um poço
com água. A onça então disse:
— Agora sim; pilho a raposa, porque vou
fazer-lhe espera no poço da água.
A Raposa, quando veio, olhou adiante e
enxergou a onça; não pôde beber água, e foi-se embora, pensando como poderia
beber.
Vinha uma mulher pelo caminho com um pote de
mel a cabeça.
A Raposa deitou-se no caminho e fingiu-se
morta; a mulher arredou-a e passou.
A Raposa correu pelo cerrado, saiu-lhe
adiante ao caminho, e fingiu-se morta. A mulher arredou-a e passou adiante.
A Raposa correu pelo cerrado, e mais adiante
fingiu-se morta. A mulher chegou e disse:
— Se eu tivesse apanhado as outras já eram
três.
Arriou o pote de mel no chão, pôs a raposa
dentro do paneiro, deixou-o aí, e voltou para trazer as outras raposas.
Então a raposa lambuzou-se no mel, deitou-se
por cima das folhas verdes, chegou ao poço, e assim bebeu água.
Quando a raposa entrou na água e bebeu, as
folhas se soltaram; a onça conheceu-a, mas quando quis saltar-lhe a raposa
fugiu.
A raposa estava outra vez com muita sede,
bateu num pé de aroeira, lambuzou-se bem na sua resina, espojou-se entre folhas
secas, e foi para o poço.
A onça perguntou:
— Quem és?
— Sou o bicho folha-seca.
A onça disse:
— Entra na água, sai, e depois bebe.
A raposa entrou, não lhe caíram as folhas,
porque a resina não se derreteu dentro d’água; saiu e depois bebeu, e assim fez
sempre até chegar o tempo da chuva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário