A RAPOSA E AS UVAS
Chegava a Raposa a uma
parreira, viu-a carregada de uvas maduras e formosas e cobiçou-as. Começou a
fazer suas diligências para subir; porém como
estavam altas e íngreme a subida, por muito que fez não pôde trepar; pelo que
disse: Estão as uvas em agraço, e desbotar-me-ão os dentes, não quero colhê-las
verdes, que também sou pouco amiga delas. E dito isto, foi-se.
MORAL DA HISTÓRIA:
Parte é de homem avisado,
as coisas que não pode alcançar, mostrar que não as deseja; que quem encobre
suas faltas e desgostos, não dá gosto a quem lhe quer mal, nem desgosto a quem
lhe quer bem; e que seja isto verdade em todas as coisas, tem mais lugar nos
casamentos, que desejá-los sem os haver, é pouquidade, e siso mostrar o homem
que não lhe lembram, ainda que muito os cobice.
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Ano de publicação: 1684.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)
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