terça-feira, 28 de dezembro de 2021

A lebre e a tartaruga (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 

A LEBRE E A TARTARUGA 

“Condoo-me de ti”, dizia uma vez a lebre à tartaruga: “obrigada a andar com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar-te de teus inimigos.” — Guarda para ti a tua compaixão, disse a tartaruga: pesada como sou, e tu ligeira como te gabas de ser, apostemos que eu chego primeiro do que tu a qualquer meta que nos proponhamos a alcançar. — Vá feito, disse a lebre: só pela graça aceito a aposta. Ajustada a meta, pôs-se a tartaruga a caminho; a lebre que a via, pesada, ir remando em seco, ria-se como uma perdida; e pôs-se a saltar, a divertir-se; e a tartaruga ia-se adiantando. Olá! camarada, disse-lhe a lebre, não te canses assim! que galope é esse? Olha que eu vou dormir um poucachinho. E se bem o disse, melhor o fez; para escarnecer da tartaruga, deitou-se, e fingiu dormir, dizendo: Sempre hei de chegar a tempo. De súbito olha; já era tarde; a tartaruga estava na meta, e vencedora lhe retribuía os seus chascos: Que vergonha! uma tartaruga venceu em ligeireza a uma lebre!

MORAL DA HISTÓRIA: Nada vale correr; cumpre partir em tempo, e não se divertir pelo caminho. 

 

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Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

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