O parto da terra (Fábula de Esopo), de Manuel Mendes da Vidigueira

 

O PARTO DA TERRA

Em certo tempo começou a Terra a dar urros e inchar, dizendo que queria parir. Andava a gente mui pasmada e cheia de temor, e receosa que nascesse algum monstro, proporcionado com a mãe, que pudesse destruir o mundo todo. Chegado o tempo do parto, estando todos juntos suspensos, pariu a Terra um Morganho, e ficou sendo riso o que antes era medo.

MORAL DA HISTÓRIA:
Esta Fábula explica Horácio dos que prometem de si coisas grandes, e depois não fazem coisa alguma, como são certos fanfarrões, que se jactam de valentes, e a poder de juramentos o querem parecer. Outros que gabam suas letras e livros que hão de compor, mas quando vem a joeirar-se a valentia de uns e a ciência dos outros, tudo é joio; pelo que com razão fica quem os conhece rindo e escarnecendo deles, como na Fábula se diz que os homens fizeram do parto da Terra.

 

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Ano de publicação: 1684.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)