domingo, 26 de dezembro de 2021

Os dois viajantes (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 

OS DOIS VIAJANTES 

Dois viajantes perderam-se no caminho, e depois de muito terem andado, chegaram a uma terra desconhecida. Os guardas da fronteira os prenderam e levaram à presença do rei. Guardas, rei, todos na terra eram macacos. O que vos parece de mim e do meu povo? perguntou-lhes o rei depois dos primeiros cortejos. — Senhor, disse um dos viajantes, facilmente se vê que sois o magnânimo rei de um povo generoso e ilustrado. O rei sorriu-se benigno. Senhor, disse o outro, basta ter olhos para ver que vosso povo se compõe de monos, e tudo, até esse feio rabo que ali se enrosca detrás de vosso trono, diz que também sois mono. Tanto bastou para que os guardas do rei caíssem sobre o indiscreto, e o esquartejassem; o outro foi muito agasalhado, e retirou-se cheio de presentes.

MORAL DA HISTÓRIA: A verdade irrita os maus, a mentira é por eles bem acolhida. 

 

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Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

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