O LOBO E O DOGUE
Magro e faminto lobo encontrou um nédio e gordo dogue. Veio-lhe
vontade de mandá-lo para o bucho; mas o cão mostrava não ser dos que se deixam
facilmente vencer. Mudou, pois, de parecer, e tendo refletido, disse: Muito
folgo, primo, de ver-vos assim tão belo, e de pelo tão luzido, enquanto ando eu
sempre magro e arrepiado. “Se fizesses o que eu faço, tornou-lhe o dogue,
viverias como vivo. Moro em uma casa em que todos me querem bem; tratam-me como
um duque: e só tenho o trabalho de ladrar à noite, quando dou fé de ladrões. Se
te agrada esse ofício, eu te apresentarei a meu amo, e, por mim recomendado,
serás aceito”. O lobo não soube como agradecer.. Puseram-se a caminho. Então
reparou o lobo no pescoço do dogue, e perguntou-lhe: “O que é isto, primo? tens
o pescoço esfolado?” — Não te dê isso cuidado, tornou-lhe o cão; de dia, para
que não morda aos que entram em casa, prendem-me a uma corrente; porém de noite
estou solto, e posso fazer o que me dá na cabeça. — Então de dia estás
acorrentado por semelhante preço não quero a tua fartura; antes livre e faminto,
do que cativo e farto.
MORAL DA HISTÓRIA: Não há cômodos nem prazeres que compensem o sacrifício da liberdade.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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