domingo, 26 de dezembro de 2021

O lobo e a garça (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 

O LOBO E A GARÇA 

Voraz, como sempre, um lobo, estando a comer, engoliu um osso. Ficou-lhe este atravessado na garganta, e o sufocava. Nesta aflição viu ele uma garça de compridíssimo pescoço, e suplicou-lhe que lhe valesse, prometendo mundos fundos, se lhe arrancasse o osso da goela. Compadecida a garça o fez. Livre o lobo recusou dar-lhe o que prometera. Ingrata, não vês que és tu que me deves retribuir a generosidade; dentro da minha boca esteve a tua cabeça, podendo apertar os dentes, deixei que te safasses! e queres paga! A garça calou-se: o que havia de fazer? Emendar a mão, e nunca valer a lobos.

MORAL DA HISTÓRIA: Quantos na hora dos apuros tudo prometem aos homens, aos santos, a Deus e depois esquecem o prometido, e chasqueam de quem neles se fiou. 


 ---
Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

Nenhum comentário:

Postar um comentário