segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O leão e o macaco (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 


O LEÃO E O MACACO 

O rei dos animais convocou-os a todos em assembléia geral para tratar de assuntos graves. Acudiram estes ao convite, que consideravam grande honraria. E o leão lhes disse: “Prestantes e estimadíssimos vassalos, convidei-vos para que me tirásseis de uma dúvida: há muito que quero saber se o meu bafo fede ou cheira; vou consultar-vos a cada um em particular”. Tomou-os um por um, e os consultou, aos que diziam que fedia: “Insolente! tens o atrevimento de dizer que fede o bafo de teu rei!” tornava-lhes o leão, e logo os matava. “Adulador! pois tens cara de dizer-me a mim, que o meu bafo cheira, dizia aos que para lisonjeá-lo mentiam; não gosto de quem me quer enganar!” E os matava. Chegou a vez do macaco: Senhor, há de Vossa Majestade perdoar-me, disse o espertalhão; ando há quinze dias com um defluxo horrível; sai da cama, apresentei-me, só para não faltar à devida obediência: mas não estou em estado de perceber cheiro algum. Riu-se o leão da sutileza, e o macaco foi salvo.

MORAL DA HISTÓRIA: Para que ter pressa de dizer o que, não podendo trazer utilidade alguma, só traz comprometimento? 

 

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Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

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