O CORVO E A RAPOSA
Um corvo pilhou um queijo, e com ele no bico foi pousar em uma
árvore. Pelo cheiro atraída, acudiu uma raposa, e logo assentou que seria ela
quem comesse o queijo; mas como! a árvore era alta, e o corvo tem asas, e sabe
voar. Recorreu pois a raposa às suas manhas: Bons dias, meu amo, disse; quanto
folgo de o ver assim belo e nédio. Certo entre o povo alígero não há quem o
iguale. Dizem que o rouxinol o excede, porque canta; pois eu afirmo que Vossa Excelência não canta porque não quer; se o quisesse, desbancaria a todos os rouxinóis.
Ufano por se ver com tanta justiça apreciado, o corvo quis mostrar que também
cantava, e logo abre o bico, cai-lhe o queijo, a raposa o apanha, e safa-se
dizendo: Adeus, Sr. Corvo, aprenda a desconfiar das adulações, e não lhe ficará
cara a lição pelo preço desse queijo.
MORAL DA
HISTÓRIA: Desconfiai
quando vos virdes mui gabados; o adulador escarnece de vossa credulidade, e prepara-se
para vos fazer pagar por bom preço os seus elogios.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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