quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

A gatinha branca (Histórias da avozinha), de Figueiredo Pimentel

 

A GATINHA BRANCA

Existiu há séculos passados um rei que tinha três filhos. Tendo medo que eles tivessem desejos de reinar antes de sua morte, porque já corriam boatos que conspiravam contra ele, e não querendo deixar um lugar que tão dignamente ocupava, pensou que o melhor meio de viver em repouso era distraí-los com promessas, cujo resultado seria iludi-los.

Uma vez chamou-os ao quarto e disse-lhes:

— Meus filhos, a minha avançada idade já não permite que me dedique aos negócios do reino com tanto cuidado como dantes, e quero que os seus vassalos não sofram. Por isso quero colocar a minha coroa na cabeça de um de vós. Haveis, porém, de concordar comigo que, para isso é preciso que façais uma ação digna de tão grande presente. Quero, pois, que vós três procureis um cão, lindo e fiel, que me faça companhia no resto dos meus dias. Aquele que me trouxer o animal mais bonito será o dono da minha coroa, e portanto meu herdeiro.

Os moços ficaram admirados com o desejo de seu velho pai, mas resolveram ir procurar o animal que lhes havia de dar a sucessão do reino, prometendo que, no fim de um ano, àquela mesma hora, estariam de volta dando o resultado da incumbência.

Partiram os moços, cada um para o seu lado.

O príncipe Nestor, como era chamado o mais jovem, seguiu viagem, e não havia dia em que não comprasse um cachorrinho.

Mas, como não podia nadar acompanhado de tantos animais, à proporção que comprava um mais bonito, abandonava os outros.

Ia seguindo sempre à procura de um animal lindo, quando uma noite foi surpreendido por uma tempestade no meio de uma floresta.

Subiu a uma árvore muito grande, que havia perto do lugar onde estava, para se abrigar da chuva, e poder passar a noite, quando viu de longe uma luzinha.

Desceu imediatamente, e foi caminhando na direção daquele farolzinho.

Chegou à porta de um castelo, o mais soberbo que se pode imaginar, todo de ouro, com muros de porcelana transparente, representando todas as histórias de fadas que há no mundo.

Aproximando-se da porta, bateu a campainha, cujo som, repercutindo lá dentro, parecia ser de ouro ou de prata.

Passados poucos segundos abriu-se a porta, sem que ele visse outra coisa senão uma dúzia de mãos no ar, segurando archotes para alumiar sua passagem.

Ficou tão admirado que hesitava em entrar, quando sentiu que o empurravam para a frente.

Começou a andar ao acaso, e sempre maravilhado de ver salas, com mais de mil velas cada uma, e cada qual de uma qualidade: de ouro, de prata, de marfim, de pérolas, de tudo quanto é precioso neste mundo.

Depois de ter atravessado as salas, as mãos que o conduziram até ali fizeram-no parar, e viu um sofá encostado a um fogão.

Sentou-se, e sentiu mãos começarem a despir-lhe a roupa molhada que trazia, substituindo-a por uma bela camisa bordada a ouro com botões de pérolas.

Com este novo vestuário, as mesmas mãos empurraram-no a um quarto contíguo, onde viu um lavatório, espelho, perfumarias as mais esquisitas, enfim tudo quanto é necessário a um moço para se vestir.

Sentou-se em uma cadeira de marfim, e começaram a fazer-lhe a barba, penteá-lo, frisá-lo e mudar-lhe a camisa por uma roupa mais própria e de riqueza nunca vista.

As mesmas mãos, depois do príncipe Nestor estar pronto, conduziram-no a uma sala, admirável pelos seus enfeites.

A mesa estava posta com dois talheres, o que intrigava em excesso o príncipe, ao ponto de se julgar no inferno.

A sua admiração chegou ao auge, quando, a um sinal dado, viu uma porção de gatos, de diversas raças e cores, entrar cada um com um instrumento e seguidos de um gato de óculos, com um rolo de papel debaixo do braço.

Subiram os bichinhos para um estrado, e começaram a tocar, cada qual de sua maneira, de sorte que formavam a orquestra mais engraçada que jamais se tem imaginado, pelas caretas que os bichinhos faziam, o que provocaram ao príncipe gargalhadas estrepitosas.

Pensava Nestor em todas as coisas que lhe haviam acontecido naquele castelo, quando viu entrar uma figurinha, coberta com um véu de crepe, e com dois gatos fardados segurando na cauda do seu vestido preto, também de luto e de espada à cinta.

Seguia-se um cortejo de gatos, cada um trazendo ratoeiras cheias de ratos, camundongos e morcegos.

O príncipe não sabia como se ter de tanta surpresa, quando a figura se aproximou dele, e viu uma bela gatinha branca.

Tinha um ar triste, e começou a miar tão docemente que quem a ouvisse se sentiria pesaroso.

Chegou-se ao moço, e falou-lhe:

— Filho de rei, sê bem-vindo; a minha real majestade te recebe com gosto.

— Excelentíssima gatinha, disse o príncipe, sois tão generosa em me receber com tanto agrado, que não me pareceis uma gatinha qualquer; o dom da palavra, que possuis, e este castelo tão rico, são provas bastante evidentes do que vos digo.

— Príncipe, respondeu a gatinha, acaba com teus galanteios; sou simples, em meus discursos e em meus modos, porém, tenho bom coração. Ordeno que sirvam ao nosso hóspede, e que os músicos se calem, porque o príncipe não entende o que eles dizem.

— E eles dizem alguma coisa? replicou o príncipe.

— Sem dúvida, continuou ela. Temos aqui poetas de muito espírito; e se demorares aqui algum tempo, ficarás convencido do que te digo.

Serviram o jantar, e o príncipe viu dois pratos, com um ratinho assado, e outro com uma carne que ele não conheceu.

Ficou com repugnância de comer tal comida, porém a gata, adivinhando o que se passava no espírito do moço, asseverou-lhe que o outro prato era feito de propósito para ele, e que por isso não precisava ter escrúpulos.

O príncipe acreditou no que lhe dizia a gatinha, e jantou muito bem, admirando somente um retrato que viu no colar da gatinha, onde reconheceu a fotografia de um homem muito bonito, e que se parecia um pouco com ele.

Perguntou de quem era aquele retrato; a gatinha ficou mais triste e não respondeu.

Com medo de contrariá-la, levantaram-se da mesa, sem mais o jovem moço se ocupar com a fotografia.

Depois do jantar, foi o príncipe Nestor convidado para assistir a um espetáculo no teatro do palácio, e ficou maravilhado de ver doze gatos e doze macacos dançarem como as mais afamadas bailarinas.

Acabado o espetáculo, esteve o príncipe a conversar com a gatinha, admirando cada vez mais como ela era instruída em todas as histórias dos príncipes e reis do mundo.

Já era mais de meia-noite, quando os dois se deram as boas-noites, e foram deitar-se.

No dia seguinte estava o príncipe ainda deitado, quando lhe apareceram duas mãos que traziam numa bandeja de ouro e brilhantes um cartão da gatinha, convidando-o para uma caçada.

O príncipe levantou-se, vestiu-se, e foi ter com a gatinha, que já encontrou montada em um macaco, oferecendo-lhe ela um cavalo-de-pau, que corria mais que o melhor animal deste mundo, e tanto como o vento.

A caçada era feita pelos gatos aos coelhos, e era de se admirar como podiam estes animais caçar aqueles.

***

Levava Nestor essa boa vida, e havia esquecido o fim da sua viagem, entretido como estava pelos divertimentos que a toda hora lhe proporcionava a gatinha, quando um dia esta lhe disse:

— Sabes que só tens três dias para procurar o cãozinho que teu pai deseja, e que teus irmãos já encontraram dois, lindos?

O príncipe, admirado de sua negligência, exclamou:

— Por que encanto secreto esqueci a coisa mais importante deste mundo, para mim? Onde poderei encontrar um cão como desejo, e um cavalo bastante rápido para fazer tantas léguas em tão pouco tempo?

A gatinha, vendo-o tão inquieto, acalmou-o:

— Sossega; sou tua amiga; podes ficar ainda um dia em meu palácio; e, conquanto daqui ao teu reino haja quinhentas léguas, o meu cavalo-de-pau vai lá ter em menos de doze horas.

— Agradeço-vos muito, bela gatinha, mas não é preciso somente chegar à casa de meu pai; é necessário também encontrar um cão, e onde irei agora achá-lo?

— Pois toma esta amêndoa, disse a gatinha; lá dentro está um cãozinho.

— Oh! disse o príncipe, vossa majestade quer caçoar comigo?

— Não; e se não acreditas, encosta-a ao ouvido, que escutarás o latido.

O príncipe obedeceu; e quando ouviu o “au-au” do cachorrinho, ficou maravilhado; e queria por força abrir a amêndoa para ver o animalzinho.

A gatinha proibiu-lhe que assim procedesse, dizendo que só devia abri-la em presença do rei seu pai.

Nestor despediu-se da bichinha, dizendo que se sentia pesaroso de deixar uma gata tão gentil, e suplicou-lhe ardentemente para que fosse a seu palácio, onde seria muito bem tratada.

A gatinha deu um suspiro triste, e não respondeu.

O moço montou no cavalo-de-pau e voou ao palácio do rei, onde encontrou os irmãos, que estavam chegando naquele instante.

Quando os três príncipes chegaram à presença do velho rei, este não sabia qual dos dois cães trazidos era o mais bonito, tão lindos eram. Perguntou a Nestor onde estava o animal que devia trazer.

— Está aqui, meu pai, e mostrou-lhe a amêndoa.

O rei supôs que o filho queria caçoar, e já estava disposto a mandar castigá-lo severamente pela falta de respeito, quando o moço abriu a amêndoa, de onde saiu um cãozinho, do tamanho de um caroço de feijão, a latir, a pular e a saltar que era um gosto.

Todos foram de acordo haver sido Nestor quem trouxera o animal mais lindo. Mas o rei, que não se achava com disposição de lhe ceder a coroa, disse:

— Na verdade, meu filho, foste tu que ganhaste o prêmio. Mas, para não descontentar a teus irmãos, quero uma segunda prova. Tragam-me, daqui a um ano, um pano que seja capaz de atravessar o fundo da agulha mais fina que houver em todo o reino.

***

Partiram os príncipes à procura do que lhes pedia seu pai pensando onde poderiam encontrar pano tão fino que passasse pelo fundo de uma agulha, e desanimados de conseguir o que lhes fora pedido.

Nestor montou no cavalo-de-pau, e partiu para o palácio da gatinha, a quem foi pedir proteção e conselho.

As mãos, que da primeira vez o tinham recebido, assim que ele chegou, levaram-no à presença da gatinha, que lhe falou:

— Príncipe, senti muito a tua partida, e não contava mais te ver, porque te estimo muito, e desejava a tua volta. Infelizmente, do que desejo neste mundo, nada tenho conseguido. Falemos sobre assunto que mais te interessa. Já sei a que vens; o que teu pai pede é muito difícil de se conseguir, senão quase impossível. Como tenho, porém, aqui no meu reino, tecelões admiráveis, vou fazer a tua encomenda e estou certa que eles envidarão todos os esforços para me serem agradáveis.

Nestor começou a viver no palácio da gatinha a mesma vida que dantes. Tendo sempre com que se distrair, – festas de todas as espécies, – esqueceu-se do fim da sua segunda visita.

Uma tarde em que conversava com a gatinha, cada vez mais admirado de tanto espírito do animalzinho, ela lhe disse:

— Príncipe, é amanhã o dia em que deves apresentar a teu pai o pano que ele te encomendou. Já te esqueceste?

— Palavra que tinha me esquecido, minha formosa gatinha, do fim a que voltara a este palácio. A vossa companhia é tão encantadora, que de bom gosto passaria o resto de minha vida, aqui. O único sentimento que tenho é não serdes mulher, para eu viver de joelhos, vos adorando. Mesmo assim, basta que me dês consentimento, que aqui ficarei, não querendo mais saber do direito que tenho, sobre a coroa del-rei meu pai.

— Príncipe, o que me pedes é impossível. Volta ao palácio de teu pai, a quem não deves abandonar por amor a uma triste gata.

— Mas como voltarei eu, se de todo me esqueci de procurar o pano, e de hoje até amanhã não o poderei haver, nem que tenha o auxílio do cavalo-de-pau?

— Sossega, príncipe Nestor, disse ela muito triste, eu me incumbi de arranjar o pano que teu pai deseja. Ei-lo aqui. Vai, e lembra-te sempre da tua amiga, a gatinha.

Entregou-lhe uma caixinha do tamanho de um dado.

O príncipe não poderia supor que dentro de uma caixinha tão pequena houvesse uma peça de pano. Mas, como a gatinha não gostava de caçoar, aceitou o microscópico embrulho, com recomendação de só abri-lo em frente do rei.

Montou no cavalo-de-pau que lhe dera a gatinha, e em dez horas viajou quinhentas léguas.

Assim que chegou ao palácio, viu dois cavaleiros saltando de dois cavalos, e reconheceu os dois irmãos.

Estes indagaram do príncipe Nestor se tinha arranjado a peça de pano, ao que lhes respondeu que não, porque o mais fino pano que encontrara só passava pelo anel de uma criança.

Chegaram os dois príncipes à presença do rei, que os julgou logo sem direito à coroa, por isso que a peça de pano que levavam só passava pelo fundo de uma agulha de coser sacos.

Voltando-se para seu filho mais moço:

— E tu, meu filho, foste tão feliz como da outra vez?

— Suponho que sim, meu pai. Aqui está a peça de pano que o senhor deseja. Tem cem metros de comprimento por trinta de largura.

Apresentou a caixinha que lhe havia dado a gatinha.

O rei não quis acreditar que uma caixa do tamanho de um dado pudesse conter tanto pano, mas para se certificar abriu-a.

Encontrou dentro uma caixa de vidro.

Todos começaram a duvidar do jovem príncipe, quando este pediu a seu pai que abrisse a segunda caixinha.

Este abriu-a, e encontrou um grão de milho.

Aumentaram as zombarias ao príncipe Nestor, dizendo que tinha sido enganado, e ele mesmo, um tanto envergonhado, disse consigo mesmo:

— Será possível que a gatinha branca me tenha ludibriado?

Nestor sentiu uma arranhadela na mão. Compreendeu que era a gatinha, que não queria que ele duvidasse de sua palavra; e, virando-se para todas as pessoas presentes, disse:

— Garanto a todos que encontrarão cem metros de pano de comprimento por trinta de largura.

O rei já se via satisfeito, por ver que a coroa não passaria a nenhum dos seus filhos, e, para contentar o príncipe Nestor, mandou que ele quebrasse o grão de milho.

Este imediatamente partiu-o, e encontrou um grão de ervilha, que também quebrou, tirando de dentro um pano tendo em todo o comprimento e largura pintadas todas as qualidades de pássaros, peixes e animais.

Todos se admiraram de ver um pano assim, e foram de acordo que a coroa pertencia a Nestor.

Todavia, o rei desta vez ainda não quis ceder, dizendo:

— Meus filhos, é a última experiência que faço. De bom grado daria o meu reino a meu filho mais moço, que é o que se tem saído melhor em suas aventuras, porém acho que um homem solteiro não governa bem um reino tão importante como é o meu. Por isso dou-vos um ano de prazo para trazer a mulher mais bonita que encontrardes. Aquele que trouxer a que mais me agradar, será o rei meu substituto, e casar-se-á com a moça. Quero gozar a minha velhice cercado de netinhos.

Os três príncipes saíram do castelo, indo Nestor, no seu cavalo-de-pau, em direção ao palácio da gatinha.

Chegando ali contou-lhe qual a incumbência que o pai lhe fazia, dizendo achar ser impossível consegui-lo.

— Não, príncipe, eu te ajudarei no que puder. Talvez saiba de alguma moça formosa, que queira ir em tua companhia.

— Não, minha gatinha, estou disposto a não voltar mais ao palácio; e peço-te o que já pedi uma vez: amo-te muito, e o meu maior desespero é ficar sem tua companhia.

— Não penses nisso, príncipe. Cuidemos do meio de fazer a vontade a teu pai, e, enquanto não o encontramos, divirtamo-nos.

Passou o príncipe mais de um ano no palácio da gatinha, e já estava esquecido do que viera ali fazer, quando um dia lhe disse a sua amiga:

— Meu caro príncipe, é depois de amanhã que deves ir ao palácio do rei, com a moça que levarás, e previno-te que arranjei uma, linda como os amores.

— Pois eu, minha gatinha, desisto de tudo, porque uma das condições que meu pai apresentou foi aquele que levar a moça mais bonita casar-se com ela, e eu não quero deixar de gozar a tua preciosa companhia.

— Não, príncipe Nestor, deves fazer o que te digo, que é para teu bem, e talvez para o meu. Arranjei a moça que procuras, mas é preciso um sacrifício de tua parte, para levá-la.

— Dize-me qual é, que o farei, uma vez que é para meu benefício, e talvez para o teu, como dizes.

— Só terás a moça, que é de uma beleza nunca vista, se me cortares a cabeça e a cauda, e as jogares no fogo.

— Isso não, gatinha: prefiro morrer, abandonar todos os reinos da terra, a ter que fazer tal barbaridade.

— Mas olha que é preciso; e se me tens a amizade que dizes, faze o que te peço de joelhos, que é para meu benefício.

— Pois bem, fá-lo-ei, se jurares que nada te acontecerá.

— Garanto-te que até serei mais feliz.

Nestor fez o que lhe disse a gatinha.

Com a mão trêmula pegou num facão, que ali aparecera por encanto, e de olhos fechados cortou-lhe a cabeça e o rabo.

Quando abriu os olhos, ficou deslumbrado.

Em sua frente estava uma moça de uma beleza extraordinária, que lhe disse:

— Obrigada, príncipe, pelo serviço que acabas de me prestar. Estou às tuas ordens, para irmos ao palácio del-rei teu pai. Sou uma princesa, transformada na gatinha que conheceste, por uma fada má, inimiga da minha madrinha, a fada Beleza. Só me desencantaria quando um príncipe me amasse no meu invólucro de gata, e me matasse. Salvaste-me, e hoje sou a rainha Maroca, senhora de seis reinos. Vamos ter com teu pai que, estou certa, não me recusará como nora.

O príncipe estava estupefato ante um fato tão estranho, e em frente de um formosa mulher, tão linda como nunca vira nem em sonhos.

Maroca mandou que seus vassalos, que eram os antigos gatos, também desencantados, preparassem a carruagem que os devia levar ao reino do pai do príncipe Nestor.

Era um lindo carrinho puxado por dez mil casais de pombos brancos, atrelados por cordões de ouro, onde, de espaço a espaço, havia um brilhante do tamanho de um grão de milho.

Quando os dois jovens chegaram ao palácio do rei, foi uma surpresa geral.

Os dois irmãos de Nestor não quiseram mostrar as suas noivas, envergonhados, embora fossem formosíssimas.

O rei, vendo aquela mulher com seu filho, lhe disse:

— Agora, meu querido filho, tens o direito à minha coroa, e estimo-o bem, vendo que vou ter uma nora como não há igual. Só ela vale todos os reinos que existem.

— Real Majestade, disse a rainha Maroca, desculpai se não aceitamos a vossa coroa. Pretendemos somente o vosso consentimento para nos casarmos. Podeis ficar com o vosso reino, e com mais um, que vos ofereço. Os meus cunhados serão reis de dois reinos, também meus, desanexos da minha coroa, porque nos bastam, a mim e ao príncipe Nestor, três reinos que governaremos em boa harmonia.

O rei ficou contentíssimo com o que acabava de ouvir.

Efetuaram-se os casamentos dos três príncipes irmãos, no mesmo dia, com as maiores pompas que têm havido em casamentos de príncipes.

Cada um dos três príncipes foi tomar conta dos seus reinos, ficando satisfeitos e vivendo felizes por muito tempo.

 

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Ano de publicação: 1896.
Origem: Brasil (Reconto)
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)

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